FCP- Futebol Clube de Pedroto
Atualmente é unânime considerar o Futebol clube do Porto como a equipa Portuguesa com mais carisma europeu, mas nem sempre foi assim. Tudo começou, dentro das quatro linhas, com um Homem cujas capacidades, lhe permitiram experimentar anos de glória, mas mais importante, incutiram uma mudança radical de mentalidade no clube, lançando-o em aventuras nacionais e internacionais que o clube e os adeptos ainda agradecem e para sempre irão agradecer.Futebol Clube do Porto, Futebol Clube de Pedroto. Assim lido bem depressa são quase expressões homófonas, assim como, afinal, entre o siginificado de uma e outra as diferenças acabam também por ser pouco acentuadas.
José Maria Carvalho Pedroto, popularmente conhecido como Zé do Boné, figura de quem se disse estar trinta, quarenta, cinquenta anos à frente do seu tempo, talvez um dos maiores elogios que possam ser feitos a alguém.
Foi o primeiro treinador em Portugal com curso superior, fez parte, como médio de caraterísticas lutadoras, da primeira equipa portista a disputar jogos europeus, em 1956/57 e , como técnico da seleção nacional de juniores, em 1961, foi campeão europeu, o primeiro título europeu do país.
Ainda assim foi sempre crítico do estado de coisas, num jeito provocatório de quem não teme chocar.
«Estamos na mediania no conceito europeu. Relativamente ao futebol de alta competição temos apenas meia dúzia de jogadores de grande classe», acusou Pedroto, homem de estranho métodos de motivação, adepto de expressões de encorajamento e de apelos às capacidades existentes mais escondidas.
Além do mais, quase sempre uma figura talhada para intervenções políticas, para recados sociais que perduraram através dos tempos e que ainda hoje, décadas depois dos primeiros avisos, são temas de discussão tanto nas mais polidas mesas de reunião como nas casas de todos, onde há migalhas de pão e nódoas de vinho.
«É tempo de acabar com a centralização de poderes na capital», recomendou já nas alturas em que contribuía decisivamente para o sustentamento de colunas que viriam a suportar o FC Porto.
De Artur Jorge disse um dia: «Artur Jorge triunfará e vai revelar-se homem predestinado para o comando de equipas de futebol». Pedroto estava longe de ser adivinho, pelo que mais merecedoras de elogios se tornam as suas previsões e os seus conselhos que paternalmente deu para todos e que, aparentemente, são mais oportunos a cada um dos dias que passam: «O verdadeiro calcanhar de Aquiles do futebol português reside no fato de pensarmos que quando saímos dos estádios deixamos de ser profissionais de futebol».
No FC Porto foi um herói, mas a sua personalidade intransigente fê-lo perder muitas vezes o desejado espaço de manobra. Chegou a ser impedido de entrar nas Antas.
Tudo começou nas vésperas de uma deslocação ao Estádio da Luz e de mais um potencialmente traumático atravessamento das pontes do Douro...
«Telefonou-me o presidente a dizer que a viagem de avião ficava mais cara sete mil escudos e não compreendia a razão porque queríamos utilizar o avião. Não podia, disse eu, fazer a guerra e poupar balas», protestou.
Os portistas perderam e Pedroto obrigou os atletas a permanecer em estágio até à partida seguinte. Alguns jogadores insurgiram-se e Pedroto obrigou-os a treinarem-se com as reservas, deixando-os também fora da equipa na derrota caseira por 0-1 com a Académica. Os resultados não melhoraram e a direção decidiu afastá-lo.
Quando esteve fora espalhou ensinamentos ainda hoje recordados, por exemplo, no V. Setúbal, onde por duas vezes terminou em segundo no campeonato e onde chegou a uma final da taça; ou no Boavista, onde ganhou duas.
Mais tarde acabou por regressar ao FC Porto, a pedido dos associados. Experimentou anos de glória, contudo mais importante que isso teve mais anos de mudança de mentalidade e de lançamento em aventuras europeias que o FC Porto ainda hoje agradece.
1 comentário(s):
Não tinha ideia nenhuma da história deste nome mítico do futebol português. Bem lembrado
21 de fevereiro de 2013 às 15:56Enviar um comentário