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sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Vitor Pereira, apresento-te o 4-4-2.



A teimosia do 4-3-3 pode ser vencida por um 4-4-2; afinal o que muda neste Porto com a mudança de esquema de jogo e o porque de o fazer?

Fica aqui a minha análise.





Desde 2004, e salvo algumas das inovações táticas impostas (sem grande sucesso) pelo holandês Co Adriaanse, o FC Porto tem jogado preferencial e quase exclusivamente à volta de um 4-3-3.
Não é novidade. Desde a chegada de António Oliveira, em 1996, que o 4-3-3 se tornou no sistema tático preferencial do clube, tendo sido apenas abandonado pontualmente por Octávio Machado e, sobretudo, por José Mourinho na sua segunda época completa.

De tal forma se gerou essa associação que parece que é impossível que a equipa jogue noutro sistema tático que se afaste dos mandamentos que permitem explorar todas as vertentes desse 4-3-3.
Triângulo defensivo (com dois trincos), triângulo mais ofensivo (com um médio mais recuado), extremos mais abertos, mais interiores, laterais mais ou menos ofensivos. Variantes do modelo que não se afastam da mesma filosofia. Jogo com extremos, um só avançado, médios box-to-box e apostas em transições rápidas. De Oliveira a Pereira, creio que todos os adeptos azuis e brancos conhecem o santo-e-senha do sistema. E no entanto, pode parecer estranho, mas nem esse é o único modelo tático do mundo nem sequer creio que seja o melhor, tendo em conta o plantel que ficou depois da saída de Hulk para as estepes russas.

Vítor Pereira apresento-te o 4-4-2.





Um 4-4-2 que tem tantas variantes como o 4-3-3, (e que era o santo e senha antes do mandato de Oliveira, na sua versão mais conservadora) e que, com José Mourinho, transformou o FC Porto numa máquina de ataque perfeita com uma segurança defensiva invejável e um meio-campo capaz de funcionar, eficazmente, como uma sala de máquinas imbatível.
Naturalmente que muita da culpa do sucesso desse ano se deve à classe dos jogadores, infinitamente superior ao do plantel atual, e do treinador. Mas tendo em conta as especificidades do plantel atual, seria curioso ver como o treinador do FC Porto se manejaria num sistema que permitiria um maior controlo do jogo, movimentações em bloco mais constantes e uma basculamento que tantas vezes falta quando a equipa se parte num 4-3-3 onde nem todos atacam e seguramente, nem todos defendem.

James Rodriguez seria talvez o grande beneficiado desta mutação. E com ele, a equipa.
O colombiano já deixou evidente que joga melhor no miolo, como número 10, livre de marcação e de prisões táticas, livre de jogar colado à linha lateral. Foi assim nos seus inícios no Banfield e tem sido assim com a seleção colombiana. Num 4-4-2 em forma de losango, um esquema bastante similar ao que permitiu ao clube vencer a sua Champions League, em 2004, ele ocuparia o lugar de Deco, com equipas de menor perfil. Mas num modelo mais defensivo, em jogos europeus com rivais superiores se cabe, poderia ocupar o posto reservado a Carlos Alberto, atrás do ponta-de-lança com liberdade para jogar por todo o campo.

Sem Hulk na equipa, urge que o colombiano saque os galões de líder do ataque de forma definitiva e assim dar o salto qualitativo que dele se espera desde que AVB o usou como arma secreta na segunda metade de 2011.






Com a equipa a gravitar à volta de James, o técnico podia formar uma dupla de ataque com Jackson Martinez e um jogador mais móvel, seja Varela ou Atsu, basculando pelos extremos, abrindo espaços e tirando diagonais. Com equipas mais débeis isso permitiria que os laterais tivessem a ala para si, garantido que estava o meio-campo, ou que os médios se aproximassem mais da área e asfixiassem os rivais com mais frequência da que temos visto. Em jogos mais complexos, James e Jackson poderiam fazer dupla no ataque, lembrando os dias de Kostadinov/Domingos ou Derlei/McCarthy.

No miolo estaria a base da mutação tática.
De uma linha de três, em que habitualmente um não tem ordens para subir e outro fica pendente sempre da movimentação dos extremos para tapar buracos, um meio-campo a quatro - com James - permitia uma maior solidez e habilidade na construção.


Fernando, Lucho e Moutinho reencarnariam nos papéis de Costinha, Maniche e Pedro Mendes/Alenitchev, operários fundamentais para tomar o pulso ao jogo e ditar os tempos, abrindo e fechando o campo, subindo e baixando linhas e apoiando na segunda bola os homens do ataque. Com James incorporado ao ataque, como segundo avançado, havia espaço para a incorporação de um quarto médio, que pode ser Defour ou Danilo, como interior direito, que daria ainda mais solidez ao jogo onde realmente ele faz mais falta. O modelo permitiria, igualmente, que os dois laterais tivessem mais liberdade ofensiva, particularmente útil nos casos de Sandro e Danilo, porque um meio-campo mais estável e sólido garantiria as coberturas necessárias para que, em posse de bola, a equipa se posicionasse realmente num 3-4-3, com Danilo ou Sandro a surgirem como falsos extremos.





Num plantel sem muitos extremos de primeiro nível (Varela é uma sombra do que foi, Atsu começa a dar os primeiros passos, James não está cómodo), parece-me um suicídio tático insistir num 4-3-3 como se não houvesse alternativas. Partindo do principio que o popular 4-2-3-1 não deixa de ser um 4-3-3 maquilhado no miolo pelo uso de dois médios de contenção, algo que numa liga como a Sagres, essencialmente, faz pouca falta, e tendo em conta que sem extremos abertos o FC Porto se tem encontrado com defesas concentradas à volta da grande área, sem espaço para criar jogo, porque não começar a trabalhar num sistema alternativo que a médio prazo se pode tornar no modelo preferencial de jogo?

Um 4-4-2 poderia ser a resposta para os grandes problemas atuais da equipa, desde a solidez defensiva ao papel de James no esquema de Vítor Pereira, sem esquecer o controlo de jogo que, como se viu em Vila do Conde, escapa do meio-campo com demasiada frequência. Potenciar o plantel atual, procurar alternativas a um sistema memorizado pelos técnicos rivais, surpreender próprios e estranhos, são condições que se exigem a qualquer técnico de um clube de elite.



A bola está nos teus pés, Vítor!

6 comentário(s):

xouri disse...

ainda nao li o texto, podem por isso achar me teimoso como o VP mas prefiro e espero que continue o 4-3-3

no fundo quero que VP continue a fazer o que achar melhor visto que ate agora poucas vezes me deixou triste tacticamente, digo poucas, mas na verdade foram mesmo poucas, uma ou duas vezes, sublinho.

o 4-3-3, não só é bonito e bem comportado

como também é a melhor solução ao plantel, ele (VP) construiu o plantel, o hulk nao faz o Porto, o Hulk fez - e vai continuar a fazer - parte do Porto.

O meio campo é ideal para estes 3 médios, estes 3 sao optimos a jogar juntos, o Fernando é provavelmente dos trincos mais a vontade no 433, o lucho idem aspas e o Moutinho, bem o Moutinho trabalha que se farta por isso, a jogar com aqueles 2 senhores ao seu lado concerteza dará o seu melhor contributo.

Se a solução para tudo fosse mudar a táctica, o Milan já tinha passado e IVENTADO até sistemas tácticos (esta época). Não estou a picar estou apenas a fazer "ver" um ponto de vista.

agora (ou entretanto) vou-me informar sobre a suposta teimosia..

Nunes sempre no relax, so estou aqui a vomitar o que vai na minha cabeça.

26 de outubro de 2012 às 14:59
88 Nunes disse...

Apenas esta expresso nesse texto a minha opinião, baseada nos conhecimentos que tenho enquanto treinador, simplesmente a minha opinião discorda da do VP e da tua, mas em partes nada que seja um impedimento para que ambas estejam certas, isso depende do ponto de vista, quanto ao Milan existe uma diferença enorme, em termos dos jogadores disponíveis, o Milan notabilizou-se a jogar em 4-2-4, depois em 5-4-1 e por fim adaptou um 4-3-3, e as equipas jovens seguem linhas diferentes umas das outras a equipa de Iniciados joga em 4-4-2 e a de Juniores em 4-5-1, isso depende da capacidade dos jogadores e penso que nesse campo o Porto retiraria um maior proveito num 4-4-2 e James poderia mostrar mais o seu valor e até o próprio Jackson admitiu que se sente melhor com James perto dele.

26 de outubro de 2012 às 15:26
Anónimo disse...

bom post. estao a fazer um bom trabalho neste blog. quanto ao tema penso que o porto tem a seu favor os titulos e sucesso neste esquema tatico e sem falar que o vitor nao vai mudar nada agora e na nova epoca com vitor ou um outro treinador e provavelmente mais extremos o 433 sera mantido.

26 de outubro de 2012 às 15:27
xouri disse...

O Co Adriense foi um dos meus ténicos preferidos, não é qualquer um (e neste caso posso estar a referir-me negativamente ao VP, que até agora tinha elogiado) que numa pre epoca muda radicalmente, nao so a táctica como comportamento de jogadores mais "selvagens"

ainda antes de me debruçar muito sobre o texto em si, mas o 433 é também um optimo sistema em termos de variavel, neste caso defensiva, tendo em conta o plantel e o momento de jogo (defender resultado).

Podemos baixar os extremos e podem outros dizer que fica um 4-5-1, e dando apenas ao Ponta de lança e ao médio mais criativo e menos defensivo, a liberdade para ir mais alem... Isto vai ao encontro do que dizias (Nunes) com a liberdade que se dava a Carlos Alberto atrás do Ponta, em jogos dificies da champions...

mas isto não é algo impossivel nas maos do Pereira, de todo.....

pois esta e a prova nao so dos Portistas como do Treinador (visto muitos vezes como burro que nem uma porta), que "está tudo controlado"... quero com isto dizer que tenho certeza que o meu treinador nao esta preso a 1 modo de jogar (seria suicidada e quase impossivel de estarmos a falar do FCP se assim fosse) a verdade é que esta época ainda n vi motivos para formatar a equipa para um 442... Puderei um dia ser dos ultimos a dar a mao á palmatoria, mas por enquanto.. está tudo controlado, é sabido que a equipa sabe jogar com os dois extremos para baixo, não vejo necessidade para exigir ou reclamar um 442

VP nem estaria aqui neste momento a ser discutido, para contentamento de muitos Portistas e rivais do Porto, por diferentes motivos é claro, mas ambos errados na minha opiniao.

Fui e serei dos poucos mas bons Portistas a, nãao só concordar, como, interiorizada já a politica e filosofia do clube, defende-la ao ao ultimo segundo.

26 de outubro de 2012 às 15:39
lurdinhas disse...

que confusão.

26 de outubro de 2012 às 18:33
chicharrito disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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