Opinião: Jorge Jesus, uma história de amor e ódio

Opinião: Jorge Jesus, uma história de amor e ódio

Jorge Jesus chegou ao Benfica vindo do banco do Sporting de Braga para orientar a equipa da Luz na época 2009/2010. O entusiasmo gerado era muito e a pré-época contribuiu para isso. Os métodos de Jesus, métodos de trabalho árduo e treino intenso, em conjunto com os resultados obtidos fizeram com que o treinador da Reboleira rapidamente conquistasse os adeptos.



Época de estreia e época de campeonato! Muitos foram os jogadores que explodiram, o futebol foi bonito e resultou em muitas goleadas; a campanha na Liga Europa foi satisfatória e o regresso à Liga dos Campeões estava assegurado. Sol de pouca dura...

Estamos agora no ano de 2012 e raro é o adepto que não tece críticas ao trabalho que o treinador encarnado tem vindo a desenvolver. O "puxar" pelos jogadores que inicialmente era visto como trabalho árduo é agora criticado por fustigar demasiado os atletas. O futebol bonito que a equipa apresenta é considerado vertiginoso demais e diz-se que descura a defesa. Os adeptos exigem a perfeição. Um treinador com a teimosia de JJ não serve, um treinador claramente pouco formado a nível académico não serve, Jesus pura e simplesmente não serve.

Aquilo que muitos parecem não conseguir ver é que o homem que o Benfica tem no leme é um homem com paixão pelo que faz e com confiança no que faz. Por vezes a sua teimosia tira-me do sério, mas só Deus foi perfeito... Nem mesmo o seu homónimo Jesus o conseguiu ser e acabou crucificado. E lembro que hoje muitos rezam pelo seu regresso! É certo que Jorge Jesus tem um português rudimentar mas é um perito na linguagem mais importante para o seu ofício: a linguagem do futebol. Quem lhe chama "Mestre da Tática" em tom irónico devia apenas retirar o tom irónico. Jorge Jesus é um dos melhores treinadores portugueses a nível tático. É um homem que não abandona o seu barco, que não esconde a cara e que defende os seus jogadores e o seu projeto.

Fábio Coentrão explodiu sob o comando de JJ

Muitos também dizem que ele inventa em demasia. Sim, estamos na presença do senhor, friso, senhor que inventou jogadores como Fábio Coentrão e Paulo Ferreira e que descobriu, por exemplo, Lima nos seus tempos no Belenenses. Por falar em Belenenses, o clube do Restelo chegou às competições europeias sob o seu comando, coisa que nos anos seguintes não se repetiu tendo o clube inclusivamente descido de divisão. Não gostam das suas invenções? Digam-me outro treinador que trabalhe em Portugal que de repente se visse sem o central e capitão, sem meio-campo e sem o defesa-esquerdo que sempre quis e que mesmo assim conseguisse pegar na equipa e torná-la competitiva. Bom desafio, talvez.

Jorge Jesus é um homem a quem ninguém fica indiferente. Ou se ama ou se odeia. Mas, na minha opinião, ele devia ter pelo menos 6 milhões de benfiquistas a amá-lo e apoiá-lo e, acima de tudo, a respeitá-lo. Pode ser que um dia o valorizem como ele merece.