O fim do poderio catalão?

O fim do poderio catalão?

As últimas semanas têm trazido notícias pouco habituais no mundo do futebol nos últimos anos: derrotas do Barcelona. Aquela que é considerada por muitos a melhor equipa do século XXI e uma das melhores de sempre parece começar a perder o domínio e, com isso, o medo que incutia nos adversários parece começar a desvanecer. Será da ausência do treinador no banco? Maior conhecimento por parte dos adversários? Ou apenas uma má fase?

O Barcelona da era Guardiola era praticamente demolidor. Poucos foram os que lhe conseguiram fazer frente e os que garantiram resultados positivos. Muito poucos mesmo. Após um ano de poucas conquistas, Guardiola saiu, dando lugar ao até então adjunto Tito Vilanova. A época começou com a derrota na Supertaça para o eterno rival de Madrid, mas com o campeonato a correr às mil-maravilhas e a Champions, apesar de um pequeno percalço, a decorrer como esperado. Mas eis que chegou o mês de fevereiro e com ele uma equipa longe (muito longe) do potencial que já exibiu. Tito Vilanova está ausente devido a problemas de saúde, o que fez Jordi Roura avançar temporariamente na hierarquia e comandar o Barça. E o resultado não tem sido famoso. Os catalães foram eliminados da Taça do Rei pelo Real Madrid, tendo estado a perder por 0-3 até bem perto do final em pleno Camp Nou, estão perto da eliminação na Liga dos Campeões e voltaram a perder com o Real, agora para o campeonato, num jogo em que Mourinho até decidiu fazer muitas mudanças no onze.

Mas onde reside o problema do Barcelona? A equipa continua a utilizar o mesmo modelo de jogo (o famoso "tiki-taka") mas neste momento parece que os jogadores estão apenas a trocar a bola. Porque resultados práticos (golos) têm sido pouco vistos. A posse de bola continua alta, mas os remates são poucos e os golos ainda menos. Outro problema parece estar ligado a questões físicas. A maioria da equipa está longe da sua melhor forma e a equipa, obviamente, ressente-se muito. Messi, apesar de manter os rasgos de génio, aparece menos em jogo. O mesmo acontece com Xavi e Iniesta. Busquets já não apresenta a mesma qualidade a destruir jogo, Daniel Alves e Alexis Sánchez não mostram tanta velocidade, os centrais parecem com pior posicionamento e pior tempo de reação, etc. Isto comparando aos melhores tempos deste Barça, tanto com Guardiola como com Tito. Haverá problemas psicológicos também? A equipa certamente não se farta de ganhar, mas aquele que é um futebol que acaba por cansar o comum adepto (principalmente o adepto adversário), de constante troca de bola, muitas vezes em zonas recuadas do terreno, talvez tenha atingido o ponto de saturação nos jogadores. O problema maior prender-se-á mesmo com a ausência do treinador. Por muito oleada que pareça a máquina catalã, esta precisa sempre do seu líder e, mesmo que os responsáveis blaugrana tentem transmitir a ideia contrária, ter Jordi Roura ou ter Tito Vilanova não é a mesma coisa.

Não deixa de ser verdade que o Barça ainda pode avançar na Liga dos Campeões e certamente vencerá o campeonato, mas caso seja eliminado da liga milionária, a época do Barcelona irá tornar-se num autêntico passeio desde março até maio, mas certamente não o passeio que os catalães desejavam.