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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Opinião: A questão das nacionalidades

Cada vez mais se torna comum ouvirmos adeptos de futebol a queixarem-se do excesso de estrangeiros no nosso campeonato. Os jogadores sul-americanos, principalmente argentinos e brasileiros, são os alvos mais apetecíveis dos clubes portugueses, mas não são os únicos. Temos assistido também a uma aposta nos mercados de leste (no caso do Nacional, por exemplo), no mercado holandês e mercado belga (aqui mais aplicado aos 3 grandes portugueses) e até ao mercado francês. Procura-se sempre bom e barato de forma a poder-se ter o plantel mas também as finanças equilibradas.





Miguel Rosa é o exemplo de um jovem de valor sem espaço para o demonstrar.
Uma coisa é certa : o jogador português começa a perder espaço. Muitos dos nossos jovens valores atravessam toda a fase de formação para chegarem à equipa principal e se verem tapados por estrangeiros que muitas vezes não têm tanta qualidade/potencial. Muitos jogadores com valor acabam por se perder em clubes de segunda linha e passam ao lado de boas carreiras. Não digo que pudessem ser Ronaldos ou Figos, mas podiam ser jogadores de valor. Pelo menos o potencial existia.

A desculpa dada por muitos clubes é o facto de o jogador brasileiro ou argentino ou de qualquer outro dos mercados acima referidos é barato e vê com bons olhos jogar no campeonato português. O que muitas das vezes sucede depois é que esses jogadores apenas vêem os clubes portugueses como um trampolim para maiores voos e para melhores ligas. No entanto, continuamos a ver uma aposta incessante nestes atletas em detrimento do jovem português. Muitas vezes me questiono se, por exemplo, o Di Maria fosse português teria tido as mesmas oportunidades e confiança do treinador que teve após a primeira época de baixíssimo nível. Sejamos pragmáticos, um jogador vindo do Brasil é barato e tem muitas das vezes qualidade, é certo. Mas um jogador formado no próprio clube não sairá mais barato ainda ? Ainda por cima, já chega enraizado com a cultura do país e do clube, não pede ordenados tão chorudos e com as oportunidades pode demonstrar ter tanto valor como qualquer outro estrangeiro que se contrate.


Já tivemos 1001 provas de que há qualidade em Portugal, falta apenas a aposta. No passado Europeu de Sub-19 que se realizou no Verão, na Estónia, a nossa selecção deu boa réplica com a gigante espanhola e conseguiu empatar 3-3. Individualmente, talvez valores como Delofeu ou Jesé pudessem ser considerados prodígios, mas nós também os temos. Basta ver Agostinho Cá ou Bruma como exemplos. Honestamente, a maior diferença que pude notar entre as duas equipas (e entre Portugal e praticamente todas as outras equipas do Europeu) foi a aposta que se fazia nos jogadores. Nas outras selecções tínhamos jovens já com experiência de Primeira Liga enquanto que os "nossos" tinham apenas a experiência de um campeonato de Júniores muito competitivo (sejamos sinceros).

Será que a União de Leiria teria tido os problemas financeiros que teve se tivesse apostado mais em jovens da cantera ? Será que o Estrela da Amadora podia ainda existir se apostasse mais nos jovens que formou ?


Está na hora de se intervir e de estabelecer um limite de estrangeiros por plantel. Digo isto pelo bem do futebol português. Há que assegurar a renovação de gerações ou então vejo um futuro negro para a selecção de todos nós.


É certo que o futebol ainda é um negócio, mas não deixa de ser um negócio onde ainda existe espaço para o talento, principalmente o nacional que existe em grande quantidade.

4 comentário(s):

Anónimo disse...

Bem pensado este artigo mas penso que é uma mentalidade que infelizmente não vai mudar pois as comissões e intervenções de empresários falam mais alto.

24 de outubro de 2012 às 17:36
xouri disse...

isto é uma teoria falhada, e bastante linear...... os nossos jovens sao mais bem aproveitados la fora, como alguns brasileiros tb o sao fora do seu pais de origem.

é o que é, penso que fazem um filme demasiado grande, tb ha muitos medicos designers engenhieros que, tendo em conta o panorama nacional ou mundial podem desanimar, nao continuar os estudos (formação no caso do futebol) e perderem se na vida tendo em conta os seus "sonhos" de adolescente. cabe a cada um pensar, ou repensar o melhor para si, mas n e facil para nng, .... comissoes intervencoes e empresarios falam mais alto na TERRA, e nao apenas no futebol, por isso nao tou a espera que seja o meu desporto favortio a mudar esta mentalidade do ser humano, nao lhe chamo evoluido, porque estarmos em 200 A.C. ou em 2012 D.C parece me que apenas s evoluiu tecnologicamente e pensando bem isso nao nos leva a lado nenhum se as boas filosofias nao triunfam... mas chamo apenas de o ser humano do presente...

24 de outubro de 2012 às 18:30
xouri disse...

ah, e como fugi ao tema, digo mais uma coisa, que apesar de ter ouvido em programas de debate futebolistico, apoio e acredito a "100%" .. os jogadores de formação podem sair tao caros como um puto que venha do brasil, formação é cara, os salarios para o jogador em formação tambem, etc etc

24 de outubro de 2012 às 18:43
Drama disse...

xouri, mas não sairá mais barato o salário para um jovem da formação ? duvido imenso que o Miguel Rosa que usei como exemplo receba o mesmo ordenado que Bruno César, por exemplo. Para além de que o jovem português dá lucro ! O Sporting vendeu tanta "estrela" do estrangeiro pelo preço de uma uva e o Nani, o puto da formação, valeu o dinheiro que valeu

24 de outubro de 2012 às 19:53

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