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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Oscar Pistorius continua sem fiança e a dormir no chão!

Oscar Pistorius de cabeça baixa em sua terceira audiência em Pretória (Foto: Agência Reuters)
Na terceira audiência pelo pedido de fiança de Oscar Pistorius, esta quinta-feira, mais uma vez, nada foi decidido. Por enquanto, o atleta permanece preso numa esquadra em Pretória. 


No novo encontro com a corte, a defesa apontou alguns buracos na versão proposta pela acusação, voltando a apresentar o pedido ao juiz para que o crime não seja considerado premeditado. O detective responsável pelo caso, Hilton Botha, foi alvo de duras críticas do advogado Barry Reux, que considera que há falhas e contradições no depoimento.


- Botha não forneceu a esta corte nenhum testemunho credível. Nós não podemos nos contentar com o facto de que ele está dizendo a verdade. - disparou o responsável pela defesa de Pistorius.

A promotoria acusa o atleta olímpico por homicídio premeditado da sua namorada, Reeva Steenkamp, na sua casa. A defesa, por sua vez, afirma que Pistorius confundiu a namorada, que foi alvejada dentro da casa de banho, com um ladrão.

O promotor Gerrie Nel insistiu que a postura do atleta na noite do crime é de premeditação, e que a alegação de que ele se sentiu vulnerável é inválida, visto que ele foi o causador do caos ao alvejar a porta do wc.

- Ele disparou quatro tiros, não apenas um. A única razão para você disparar quatro tiros, é para matar. Na sua própria versão (que achava se tratar de uma ladrão), ele é obrigado a ser condenado - disse a acusação, que voltará a falar esta sexta.

A terceira audiência!

Gerrie Nel iniciou sua participação afirmando que não tinha tomado conhecimento de que o detective responsável pelo caso, Hilton Botha, responde por processos criminais de tentativa de homicídio. Ao perceber que o inspector não estava presente no tribunal, o juiz determinou uma pausa para que Botha fosse chamado a comparecer na Corte.

O juiz contestou se Botha juntou gravações de telefone ou de contas de Pistorius e sua namorada. O detective afirmou que já fez requerimento, mas ainda não tem o conteúdo em suas mãos. As questão levantadas ao inspector não pararam por aí. O magistrado quis saber se a vítima, Reeva Steenkamp, recebeu mensagens entre 2h e 3h de 14 de fevereiro, momento em que o crime teria acontecido. O detetive, desconfortável, afirmou novamente não saber.



 Detetive Hilton Botha foi duramente criticado pela defesa de Pistorius (Foto: AFP)

- A má qualidade das evidências apresentadas pelo responsável pela investigação, Botha, expôs deficiências desastrosas na versão do Estado. Botha foi extremamente selectivo e parecia determinado a reforçar a versão da acusação - criticou o advogado de defesa,tentando enfraquecer o caso contra o seu cliente.

Defesa: 'Se ele quisesse matar, poderia ter feito isso na cama'

Barry Roux, alegou que o depoimento de testemunhas não tem o mesmo peso que evidências apresentadas no tribunal. Ele voltou a pedir que o caso não seja considerado premeditado.

- Steenkamp ao ter passado a noite lá (na casa de Pistorius) é consistente com um relacionamento amoroso. O oficial da investigação não pode negar que a bexiga de Reeva estava vazia às três horas da manhã. Se ele quisesse matar Steenkamp, poderia ter feito isso na cama - disse o advogado Barry Reux.

Após um intervalo, o advogado do biamputado voltou a falar. Ele alegou que o facto de seu cliente ter carregado a namorada, baleada, para o primeiro andar da casa pode ser considerado um indício de que ele queria ajudá-la.

- Pistorius ter carregado Reeva é consistente com o acusado ter tomado medidas positivas para salvar a sua vida. É claro que ele estava desesperado para salvá-la - disse.



 planta da casa de Oscar Pistorius. Tiros foram disparados no WC (Foto: Agência AFP)

Incidente de 2009 é lembrado

O juiz contestou o facto do crime ter ocorrido a meio da noite, favorecendo que os tiros fossem escutados pela vizinhança  A defesa diz que a promotoria optou por não averiguar ao certo a distância em que as testemunhas ouviram uma suposta discussão na casa de Pistorius.

- Ele falou sobre uma mulher que ouviu gritos e duas séries de três tiros. Isso é um pedaço muito vago de evidência - disparou.

Juiz crê em indignação em caso de fiança

Um princípio de confusão no local, devido à correria de cinegrafistas e jornalistas para fazer imagens de um suposta ameaça, fez com que o juiz parasse a audiência por alguns minutos. No retorno, o magistrado afirmou que um dos argumentos contra o pedido de fiança é a possibilidade de Pistorius tentar influenciar testemunhas. Ele cita um episódio num restaurante em 2009, quando o atleta tentou pôr a culpa em outra pessoa.

O juiz Desmond Nair também afirmou que, diante da repercussão do caso, atender ao pedido de fiança poderia causar indignação na comunidade. O irmão de Pistorius, Carl, afirmou ter entregado o passaporte de Pistorius à polícia assim que solicitado.

Acusação: premeditação existiu mesmo para um ladrão

Na sequência, foi a vez do promotor do caso Gerrie Nel tomar a palavra. Ele admitiu que não tem como provar que Pistorius matou Reeva premeditadamente. Mas, por outro lado, ele alegou ter a certeza de que houve premeditação, mesmo que fosse para matar um ladrão.

A acusação reafirma que houve uma briga entre Pistorius e Reeva na área da casa de banho e, pouco depois, ela se trancou na pequena divisão onde foi baleada através da porta. O promotor questionou que, se a jovem tivesse simplesmente ido ao WC, não haveria necessidade de levar o seu telemóvel para o local às 3h da manhã.

- Em frente a banheira, perto da arma, encontraram dois telefones. Do requerente e da falecida. Por que Reeva deixaria o seu telefone ali? - questionou o promotor.

O risco de fuga de Pistorius, em caso de ter o pedido de fiança concedido, voltou a ser citado pelo promotor. Gerrie Nel falou novamente sobre um cartão de memória procurado pelo atleta paralímpico logo após o crime. Ele afirma que o cartão tem informações de contas no exterior.

- Por que achar isso foi tão importante logo depois da morte da Reeva?

Gerrie Nel continuou céptico com a versão apresentada por Oscar Pistorius, que alegou ter ido até a varanda de madrugada quando ouviu um barulho vindo do banheiro.

- Como diz que passou duas vezes pela cama e não notou que Reeva não estava nela? Ele diz que queria protegê-la, mas sequer olhou para ela na cama? - contestou.


Preso há uma semana, Oscar Pistorius dorme no chão!


Sob custódia da Justiça há uma semana, o multicampeão paralímpico Oscar Pistorius não tem tido regalias na esquadra de policia de Pretória. Segundo o jornal Beeld'', a cela do atleta não possui cama e, ao que tudo indica, ele está  a dormir no chão do local".

O comandante da esquadra, Andre Wise, afirmou que Pistorius está a dividir cela com outros presos, de acordo com o fluxo da estação. Ele negou que a estrela do desporto paralímpico está a ter um tratamento diferenciado nos últimos sete dias.

- Tudo que posso dizer é que ele está sendo tratado no mesmo grau de dignidade humana que qualquer outro prisioneiro, como estipulado pela Constituição.



Pistorius está preso desde a semana passada (Foto: Agência Reuters)

1 comentário(s):

Anónimo disse...

Se mais depressa o tivessem pedido, mas depressa o tinham publicado, excelente resposta dada aos leitores, continuem assim e com mais artigos destes.

21 de fevereiro de 2013 às 16:47

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