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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Futebol brilhante como a brilhantina do seu penteado

 
José Travaços é um dos incontornáveis heróis da história do nosso futebol.
Curiosamente, seu coração até pendia para outras paragens. Era amante da caça. Dizem até que durante um jogo agrediu estrategicamente Serafim, que jogava no Boavista, para poder ser dispensado e ter o domingo livre para a caça!
No entanto, foi no futebol que se destacou e se tornou o primeiro português a ir a uma seleção da Europa.


Travaços nasceu a 22 de fevereiro de 1926, em Lisboa, mesmo onde estava edificado o anterior estádio do Sporting. O seu pai era rendeiro numa quinta da Alameda das Linhas de Torres, mas não gostava que o filho desse pontapés nas couves. Porque naquele tempo a bolsa era sempre curta e não havia dinheiro para uma bola de futebol.
Até que um dia, em coleta com outros gaiatos, conseguiu comprar uma bola que, no entanto, pouco durou. numa tarde, mesmo à beira da carreira de tiro no Lumiar, um caçador diz a um miúdo para lançar a bola ao ar. O miúdo lançou-a e o caçador furou-a. Foi-se a bola, mas não morreu o sonho.
Do trabalho de torneiro, com 13 anos, passou para a CUF, aos 16 graças ao seu jeito para  futebol. Antes dera nas vistas como velocista e logo houve quem achasse que poderia chegar a recordista nacional. Passou a integrar a equipa da CUF. Por essa altura viveu episódio caricato que haveria de ligá-lo para sempre ao Sporting.
O FC Porto enviara um emissário a Lisboa. O convite foi aceite por Travaços em troca de 20 mil escudos e uma casa no Porto. O Sporting soube da negociata e raptou-o durante 15 dias retendo-o em Torres Vedras. Do retiro apenas saiu para correr uma prova de atletismo e escapou-se. Foi para o FC Porto. Aí nova quinzena de sequestro. Ficou isolado numa aldeia minhota porque o Sporting jogava em Coimbra e não fosse o diabo tecê-las...
Entretanto escreveu ao irmão, contando onde estava e pedindo que acordasse tudo com o Sporting- afinal o seu clube do coração. E do seu quintal. No final da refinada arte de bem negociar, chegou ao Porto telegrama vindo de Lisboa exigindo que Travaços se apresentasse para inspeção militar. Mas, no dia seguinte, José Travaços estava diante de Ribeiro Ferreira e Guilherme César a assinar ficha pelos leões.
Ali jogou durante 12 anos brilhando a grande altura, vencendo 8 titulos de campeão com os famosos cinco violinos e tornando-se um dos melhores jogadores portugueses de sempre.
Pendurou as botas em 1958. Para contar ficaram, entre muitos golos malabaristas, os 6-1 ao Benfica na sua estreia que lhe valeram um relógio de ouro, oferecido por um adepto. Ainda os 4-1 frente ao FC Porto cujas imagens foram gravadas e usadas no filme O leão da estrela.
E, claro a sua convocação para a seleção europeia, a propósito do qual escreveu o mais famoso jornalista inglês da altura: « Portugal não figura entre o 5 melhores da Europa do futebol, mas tem um interior direito, Travaços, que vale 50 mil libras. É tão brilhante com os pés como o seu inalterável penteado de brilhantina».
Deixou-nos a 12 de fevereiro de 2002.
Parabéns Travaços!!!


1 comentário(s):

Filipe Torres disse...

Parabéns Travaços foste um grande jogador do Sporting e de Portugal é uma pena estas morto.
PS: Bom artigo Red!

22 de fevereiro de 2013 às 15:26

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