O Renault 5 do meu avô
Aliás, o carro até podia andar bem para a altura dele, mas no fim dos anos 90 (quando eu lá andava) ora ouvia o meu avô cuidadosamente, enquanto acariciava o carro, dizer-lhe "anda, vá lá, por favor...", ora o ouvia a altos berros "anda caralho, puta que pariu esta merda!".
Esse carro faz-me lembrar a seleção nacional que temos hoje em dia. Outrora uma máquina, hoje em dia um chasso com a mania de que ainda está ao nível das outras máquinas que entretanto foram evoluindo. E quando falha (e nos dias de hoje falha muitas vezes) o adepto tanto acaricia (enche estádios e aplaude o Patrício mesmo na defesa mais básica depois daquilo que fez com Israel), como logo a seguir está a assobiar quando a equipa faz exatamente a mesma coisa.
Lembro-me ainda de perguntar ao meu avô o porquê de ele continuar a insistir sempre na mesma coisa e não mudar de carro. Dizia ele que não havia dinheiro para um carro novo. E eu insistia: "Porque não o levas ao mecânico! Não era mais fácil o mecânico ver o que estava mal e substituir por peças novas?" Ao que ele retorquía: "Mas se com estas peças o carro sempre andou, porque é que eu haveria de mudar?" Eu achava sempre esta resposta incompleta, ao estilo do: "Porquê? - Porque sim!", mas se continuasse a perguntar, a resposta ia continuar a ser a mesma. Vejo-me hoje, 10/15 anos volvidos, na mesma situação. Basta-me para isso olhar para a televisão de mês a mês e ver sempre os mesmos bonecos, de um lado para o outro em grande esforço (às vezes nem isso) sem conseguir, ainda assim, fazer funcionar o motor e pôr o carro a andar.
Felizmente, o Renault 5 do meu avô não andava a Serenos, Hugos Almeidas e Rubens Micaeis e por isso ainda aguentou uns tempos mesmo com más peças. Mas, vim eu a saber, que há umas semanas acabou mesmo por ir parar à sucata...
1 comentário(s):
Estradas péssimas em Freamunde!
16 de outubro de 2013 às 17:10Enviar um comentário